Por Giulieny Matos, de Brasília
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“Você não é minha mãe!”.
Por algum tempo ela vinha partilhando com o marido seu doloroso sentimento e pensava em uma resposta adequada para o momento certo.
Um dia, ainda pela manhã, o menino acordou emburrado e não titubeou em repetir sua infame frase. Menos ainda titubeou a mãe quando disse. “Hoje vou levar você para sua mãe, não é isso que você quer?” Ele achou até bom, ficou feliz. Finalmente vou ficar com minha mãe de verdade, pensou. Começou a ajuntar suas coisas na mochila. Vivia em todo conforto e recebia m
uito amor também. Mas a mãe quis dar-lhe uma lição. “Não vai levar este brinquedo aí, não. Fui eu quem comprou. Se eu não sou sua mãe, este brinquedo também não é seu.” “Este outro aí também não, foi seu tio que deu. Se o tio não é seu tio porque você não é meu filho, então isso aí também não é seu.” E assim foi. Permitiu-lhe separar uma pequena mochila e uma muda de roupa.
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Debaixo do céu mais lindo, ao invés de irem para o clube, como de costume, viajaram por duas horas. Não foi difícil para o pai localizar um morro de barracos na cidade grande. Parou o carro. Bem ali, debaixo da janela do veículo, um fio de esgoto desembocava na baixada. Montanha de lixo do outro lado da rua. A mãe, imediatamente, sem chorar, sem falatório, abriu a porta do carro e disse ao
menino. “Desce. Está vendo aquela casinha lá em cima? Sua mãe mora lá. Pode ir.” A verdade é que a mãe nem sabia do paradeiro da mãe biológica. Mas não podia permitir que um menino de dez anos alimentasse uma rebeldia injustificada.
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Hoje, já um rapaz crescido, vive feliz em família. Nunca mais a respondeu nem a desrespeitou. É, de verdade, o melhor filho do coração. História verídica.
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