Autores de livros infantis de Brasília

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Feliz Páscoa a todos que trabalham pela Ressurreição contra a triste realidade de perseguição e morte de crianças

Há alguns dias um fotógrafo capturou, na Síria, a imagem de uma criança que se rendeu em frente sua câmera. Segundo informações do site Huffington Post, a pequena levantou os braços ao confundir a câmera com um rifle.


Faço minhas as palavras do ilustre Vidal Didonet

Queridos amigos e amigas

a crônica que lhes mando em anexo é lindíssima. Fala de uma criança, na Síria, de uns 3 a 4 anos que levantou as mãos para o fotógrafo pensando que a máquina fotográfica era uma arma... copio-a abaixo, mas pode ser que a foto - que tem que ser vista - não abra. Então, segue também em anexo..

essa leitura é uma meditação boa para a sexta feira santa. A Paixão e Morte, icônicas no acontecimento de 2000 anos atrás em Jerusalém, estão presentes em milhões de crianças que levantam as mãos "rendidas", entregues à prepotência das armas, do autoritarismo, da publicidade, da exploração, da fome, do trabalho infantil, da violência cruel...

lhes desejo uma Feliz Páscoa, porque vocês trabalham pela Ressurreição dessa realidade de perseguição e morte de crianças, "para que elas tenham vida e vida em abundância"...

Vital Didonet
Defensor Infância e Paz


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Sobre a menina síria que se rende ao confundir câmera fotográfica com uma arma
Por Nara Rúbia Ribeiro
mar 29, 2015

Quando ainda menina, lia muito Drummond. Achava um exagero ele dizer que chegaria um tempo de absoluta depuração, em que “(…) os olhos não choram./E as mãos tecem apenas o rude trabalho./E o coração está seco.” Mas hoje eu vi no noticiário uma cena muito peculiar, e a verdade do poema me veio à alma, imediatamente. Um fotógrafo, ao tentar retratar a vida das crianças sírias, conseguiu captar não a frieza deste mundo, mas já a sua consequência. Ele enquadra a criança em sua lente e essa levanta os braços, rendida, pensando ser uma arma.

Deus! Que mundo é este, onde a inocência caminha de mãos levantadas e a alma do mundo não sangra, e os olhos dos homens não choram, e a dor já não nos pode chocar? Que mundo é este cujos avanços tecnológicos não encontram eco na evolução moral dos indivíduos e onde só o que conta são os cifrões?

Um mundo cujo colorido já não é convidativo aos olhos. Onde a beleza é preterida. Onde a pureza dos pequeninos ainda é roubada e banhada do sangue de seus pares, de seus pais e, não raro, do seu próprio sangue. Um mundo cujas crianças já têm a esperança prematuramente envelhecida pela dor que transborda dos noticiários e que não raro floresce ao seu lado. Um mundo em que, a cada dia, o homem teme mais e mais o próprio homem.

Frequentei um curso, há um tempo, e algo me deixou sobremodo perplexa. O instrutor mostrava-nos diversos vídeos com acidentes causados por veículos. Em dada situação, um homem fora atropelado por não olhar para a sua direita quando um carro vinha na contra mão. Alguns dos colegas, a maioria jovens entre 18 e 25 anos, riram da cena. Noutro atropelamento, a maioria riu. Esboçaram alguma comoção, leve, quando uma criança foi atropelada. Mas, pasmem: um cachorro foi atropelado e, nesse momento, houve uma comoção geral: “Ah, pobrezinho! Tadinho dele!”.

A banalização da dor do outro é hoje tamanha que os jovens se identificam mais e se comovem mais com a dor de um animal que com a dor de um homem ou de uma criança.

A dor do outro é estatística. “Quanta mortes, mesmo, na Síria? Quantos desabrigados no Acre? Quantas mulheres são agredidas por ano? Quantas crianças são estupradas por parentes próximos?” Não! Essa postura desmerece o infinito que somos, desautoriza a angelitude a que estamos destinados, desmente a centelha do Eterno que permeia a alma de cada um de nós!

Necessitamos ver o outro como parte desprendida, mas ainda ligada a nós por lanços infindáveis de natureza espiritual. Ninguém pode ser plenamente feliz enquanto um só de nós estiver de braços levantados, rendida criança assustada pelos estrondos da guerra, cativa da dor e da morte. Esfomeada de uma Justiça que ela não pode compreender ou dizer, mas, humana que é, já a pode desejar e de sua falta se ressentir.

Que esta criança que hoje vi de mãos levantadas por confundir a câmera com uma arma possa ainda, é o que utopicamente desejo, levantar novamente as suas mãos, mas não por medo. Que ela ainda possa, na pontinha dos pés, elevar os seus braços para brincar com as estrelas.

Feliz Páscoa pra você!
bjs derretidos,
Giulieny Matos

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Obrigada pelo carinho e pela participação. Abraços derretidos pra você... Giulieny Matos